Durante a entressafra, os trabalhos de campo não param. É preciso preparar o maquinário para a temporada seguinte, investindo em limpeza, lubrificação, manutenção preventiva e armazenagem adequada da frota. Embora só seja permitido iniciar a semeadura após o término do vazio sanitário da soja, é fundamental que os agricultores façam o preparo de solo e planejem a semeadura com antecedência para mitigar os riscos inerentes às operações.
Entre os meses de setembro a novembro, há uma intensificação do uso de semeadoras e tratores em razão da janela de semeadura da primeira safra de grãos. Com a aplicação do Sistema Plantio Direito (SPD), as semeadoras são as máquinas responsáveis por cortar a palhada presente na área, com a mínima mobilização possível de solo. Na mesma operação, a máquina abre o sulco de plantio afastando a cobertura vegetal e geralmente realiza a adubação no sulco antes de depositar a semente.
Deve-se realizar a adequada calibragem da semeadora para que as sementes sejam distribuídas com a profundidade e densidade ideais. Assim, é possível garantir uma boa emergência de estande, evitando o surgimento de falhas e duplas nas linhas de cultivo. Porém, mesmo com todos os cuidados habituais de manejo, existem riscos que fogem do controle do produtor e merecem atenção. “As máquinas podem ser danificadas por colisões ou tombamentos, furto ou roubo, incêndio, queda de raio e explosão, entre outros imprevistos”, afirma Roberto Zuardi, que é coordenador de sinistros agrícolas da FF Seguros.
De acordo com um levantamento de sinistros da FF Seguros, com base no estudo de uma amostra de 50 sinistros selecionada entre os anos de 2020 e 2024, o principal risco para esse tipo de máquina é o acidente de causa externa, principalmente colisões, representando mais de 80% dos casos de sinistros analisados pela pesquisa. Em segundo lugar no ranking ficou o risco de danos elétricos, com aproximadamente 10%. O levantamento revelou um aumento do índice de sinistralidade de semeadoras de 2%, em 2022, para 15% em 2023. Esse índice demonstra o crescimento dos casos de sinistros de semeadoras e pagamentos de indenizações pela seguradora.
Além dos prejuízos relacionados à perda total ou despesas para reparo da máquina, os acidentes são preocupantes porque podem interromper as operações de campo, prejudicando o cumprimento da janela de plantio. “Obstáculos na área representam o maior risco. A semeadora opera bem rente ao solo, então obstáculos como pedras e galhos podem danificar a trilha de plantio e componentes da máquina”, afirma Zuardi. Por isso, antes do plantio, recomenda-se monitorar a área e remover obstáculos visíveis como tocos de árvores e cupinzeiros.
Entre os exemplos de sinistros, a FF Seguros indenizou em R$ 148,5 mil um agricultor que teve a semeadora tombada em Arroio do Tigre, no Rio Grande do Sul. O acidente, ocorrido em dezembro de 2023, deixou a semeadora com linhas desalinhadas e deformidades nessa estrutura. Além disso, o tombamento causou deformidades no conjunto de cabeçalho e reservatório de sementes. Em outro caso atendido pela seguradora, em dezembro de 2023, houve uma colisão de semeadora com um obstáculo presente no solo. O acidente ocorreu em São Miguel das Mansões (RS) e a máquina teve perdas que resultaram em uma indenização de R$ 132 mil.
Durante as operações de plantio, os tratores, que são máquinas essenciais para rebocar as semeadoras e implementos, também ficam suscetíveis às perdas causadas por acidentes. Por isso, antes de iniciar o plantio, é recomendável que os bens sejam segurados.