O período de plantio das nossas principais commodities agrícolas (soja, milho, café, algodão e cana) chega este ano acompanhado de um grande sinal de alerta: os impactos do El Niño, fenômeno climático que decorre do aquecimento das águas do Oceano Pacífico e tem duração média de 18 meses.
Um recente relatório da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) aponta que os efeitos mais intensos dessa configuração climática, que ocorre a cada três anos, sejam sentidos mais intensamente entres os meses de dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, o que inclui ocorrências como: forte estiagem no Nordeste, afetando especialmente a produção de milho e soja na região do Matopiba (interior do MA, TO, PI e da BA); e chuvas mais frequentes e intensas no Centro-Sul, atingindo lavouras de soja, café, trigo e cana-de-açúcar.
De acordo com Engenheiro Agrônomo e Supervisor de Agricultura Irrigada do Grupo Pivot, Elvis Alves, embora não haja uma estimativa oficial sobre perdas para esta safra 2023/2024, ele reconhece que há sim sérios riscos de queda de produtividade em muitas lavouras, se a intensidade dos efeitos do El Niño se confirmar e se os produtores não tomarem medidas que minimizem os impactos.
Segundo o especialista, no Sudeste e Centro-Oeste do país o fenômeno climático deverá ocasionar uma forte elevação da temperatura média destas duas regiões, seguido de uma forte escassez hídrica, o que costuma afetar especialmente a fase reprodutiva de muitas culturas, como o milho, a soja e outros. “Em alguns casos, pode acontecer a perda total de lotes. Isso ocorre principalmente quando temos os veranicos (em dezembro e janeiro), que acontecem nas fases de florescimento da planta, ou seja, a sua fase reprodutiva”, explica.
Mas mitigar os efeitos do El Niño e manter uma boa produtividade, mesmo com as adversidades climáticas que ele traz, é possível se o produtor tiver um bom planejamento desde antes mesmo do plantio até o pós-colheita, e contar com um eficiente sistema de irrigação.
“Como no Sudeste e Centro-Oeste, o principal impacto desse fenômeno climático é a escassez hídrica, a irrigação, seja qual for o tipo de sistema, já é uma grande solução para o produtor enfrentar esse problema. Além disso, a partir do momento que a água passa a molhar as folhas na lavoura, cria-se um microclima que diminui a temperatura pontualmente, fazendo com que a planta consiga ter um melhor controle da abertura e fechamento dos estômatos, o que influencia diretamente na melhoria do processo de fotossíntese”, detalha o engenheiro agrônomo.