O presidente da APIPA (Associação Piauiense dos Produtores de Algodão), Amilton Bortolozzo, confirma expansão da área plantada e tendência de crescimento exponencial da lavoura algodoeira no Piauí. Em novembro, a APIPA realiza, em Uruçuí, sul do Piauí, evento sobre desenvolvimento econômico dos cerrados com destaque para a produção regional de algodão. Em entrevista ao conexãomundoagro, Amilton Bortolozzo relata a nova era da lavoura que mais cresce no matopiba.
Conexão Mundo Agro- O que se pode dizer da safra de algodão neste ano de 2024 do Piauí? A área plantada aumentou? É uma lavoura em crescimento no estado?
Amilton – É. a gente vem num crescimento constante. Esse ano a gente plantou e já colheu por volta de 24 mil hectares. Uma produtividade média muito boa, em torno de 315 arrobas por hectare. E já está tudo colhido. Agora estamos fazendo beneficiamento e entrega dos produtos.
Conexão Mundo Agro – O que se pode projetar para a safra 2025? Essa área pode experimentar novo salto, pode crescer?
Amilton – Vai crescer sim. A gente já está percebendo que estão chegando pessoas, outros produtores de outros estados com o intuito de plantar aqui no Piauí, com tecnologia. Já são produtores que plantam nos outros estados e o problema é a infraestrutura. É que o algodão precisa ter a algodoeira para se beneficiar. E esse pessoal já está chegando com o intuitivo de já fazer algodoeira, já aumentar as áreas de produção de algodão. A gente acredita que para o ano que vem vai ter incremento aí para uns 35 mil hectares de algodão. Isso que já foi falado agora, logicamente que mais perto do plantio, quando começar a chuva, a gente vai ver melhor esse número. Mas a perspectiva inicial é de aumento para 35 mil hectares.
Conexão Mundo Agro- Agora isso significa dizer que o cerrado do Piauí pode se afirmar na lavoura? que está testado e aprovado também para o algodão?
Amilton – Com certeza. O Piauí é um dos estados com maior produtividade para o algodão. Porque aqui tem chuva na hora certa e depois para de chover, isso melhora muito a qualidade do algodão e a produtividade não é comprometida. Então, o Piauí tem uma produtividade muito, muito boa para o produtor do algodão. É por isso que a gente está nessa constante crescente e acredita que, dentro em breve, o Piauí vai ser o terceiro maior produtor de algodão do país.
Conexão Mundo Agro – Quando o senhor fala em infraestrutura, o que de mais importante precisa melhorar para que a produção não sofra redução e só desenvolva?
Amilton – Tem que ser montadas as algodoeiras e isso é um custo muito alto para o produtor, porque ele tem que bancar isso sozinho. E o problema da energia elétrica. A energia elétrica para tocar isso aí também é uma coisa muito grande, demanda muita energia. Então, dependendo do lugar onde estão sendo implantadas essas algodoeiras, ainda está com problema de energia elétrica. O produtor mesmo vai atrás, vai procurando, vai fazendo isso, fazendo aquilo para que se viabilize o negócio dele.
Conexão Mundo Agro- Recentemente foi realizado em Fortaleza o Congresso Brasileiro do Algodão, organizado pela ABRAPA. Que gargalos foram discutidos e apresentados para alavancar ou para retomar a lavoura algodoeira do país, nessa pós-pandemia, digamos assim, a ponto de projetar inclusive internacionalmente?
AMILTON: No Congresso foi batido muito o ponto dos custos. Os custos do algodão hoje estão muito altos. Bem superiores em relação às lavouras da soja e do milho. O produtor tem que fazer de tudo, tem que ser muito eficaz, tem que ser muito produtivo, do contrário a conta não fecha. E o produtor do algodão trabalha muito em cima disso.
Conexão Mundo Agro – Em novembro, logo no início do mês, a APIPA está programando para o município de Uruçuí um evento estadual para tratar exatamente dos desafios da lavoura algodoeira em relação à produção no estado do Piauí. Qual a expectativa para esse evento?
Amilton – Esse já vai ser o terceiro evento que a gente faz e cada vez também está aumentando, porque está crescendo a demanda, está chegando o pessoal, e está todo mundo convidado para os dia 7 e 8 de novembro. Nós vamos ter esse tipo de um mini congresso de desenvolvimento de RH, de trabalhos e pesquisas também. E é uma inovação também meio regional.
Conexão Mundo Agro – Aberto a técnicos, pesquisadores, produtores?
Amilton- Tudo, técnicos, produtores, pesquisadores. Vai ter também o debate de mulheres que estão no agro. Então, todo mundo está convidado para ir, para prestigiar lá em Uruçuí, dias 7 e 8 de novembro.