O uso de mixes de plantas, combinações planejadas de diferentes espécies vegetais, vem ganhando espaço como estratégia agronômica essencial para quem busca solos mais férteis, produtivos e sustentáveis. Com aplicações tanto na agricultura quanto na pecuária, essa prática realizada via combinação de sementes se mostra uma aliada importante na recuperação de áreas degradadas, cobertura vegetal e produção de forragem de alta qualidade, assim contribuindo com a manutenção dos sistemas agropecuários.
Entre os principais benefícios da prática está a conservação do solo. A combinação de diferentes espécies favorece a descompactação das camadas subsuperficiais, o incremento da matéria orgânica e o aumento da capacidade de infiltração e retenção de água, promovendo um ambiente mais equilibrado para o desenvolvimento das culturas subsequentes.
Na produção de forragem, por exemplo, o uso de gramíneas de rápido estabelecimento, associadas a leguminosas de alto valor proteico e fixadoras de nitrogênio atmosférico, resulta em uma forragem mais equilibrada nutricionalmente, com melhor digestibilidade e maior eficiência de conversão alimentar no rebanho. Essa integração contribui para pastagens mais produtivas e com maior longevidade, com menor necessidade de adubação nitrogenada.
Os mixes também desempenham papel relevante na cobertura vegetal e na adubação verde, garantindo proteção física do solo contra erosão, melhor ciclagem de nutrientes, supressão de plantas daninhas e consequentemente redução da competição das mesmas por luz, espaço e nutrientes com a cultura principal. “Além disso, contribuem para a supressão natural de patógenos de solo e para o equilíbrio da microbiota”, diz o engenheiro agrônomo, Hemython Luis Bandeira do Nascimento, doutor em Zootecnia e gerente de P&D e Inovação da Semembrás, uma marca da SBS Green Seeds.
Do ponto de vista ambiental, os mixes de sementes são aliados da agricultura de baixa emissão de carbono, ao potencializarem o seu sequestro, aumentarem o estoque de CO orgânico no solo e manterem a cobertura permanente do terreno, o que reduz oscilações térmicas e perdas de umidade. “Essas práticas favorecem a resiliência agroecossistêmica e a sustentabilidade de longo prazo dos sistemas agrícolas e pecuários. Cada espécie cumpre uma função específica e importante no sistema”, reforça o especialista.